Depois de ler o primeiro capítulo do livro Família em Rede, tive a oportunidade de reflectir sobre como as crianças e os adultos encaram as novas tecnologias. Os adultos têm maior dificuldade em aceitar as modernidades, enquanto que os seus filhos usam-nas com grande facilidade e agrado. Como Pappert diz, existe "um caso amoroso" entre crianças e computadores. Esta relação irá modificar a vida das crianças (cultura das crianças).
O autor dá um exemplo desta fluência que as crianças têm perante as novas tecnologias. Este exemplo é do seu neto de 3 anos, que se dirige à prateleira dos vídeos e escolhe um filme, introduz a cassete no vídeo e senta-se no sofá. Maior espanto para ele foi quando o seu neto, tendo percebido que se tinha esquecido de rebobinar a cassete o fez, com uma grande facilidade. "As crianças estão a tornar-se cada vez mais independentes dos pais na exploração do mundo", por isso, os Pappert designa a acção dos adultos como ciberaveztruzes, ou seja, negam as mudanças no ambiente da aprendizagem.
"Os jovens olham para os adultos como sendo inferiores, e as gerações mais velhas consideram os jovens arrogantes e incapazes de explicarem e ensinarem realmente...". Isto cria por parte dos pais uma tecnofobia, enquanto que os seus filhos são uns tecnofílicos, pois as crianças pretendem ter o domínio das coisas. "O que os pais precisam de saber sobre computadores não é na realidade sobre computadores, mas sim sobre a aprendizagem", ou seja, é necessário despender o tempo necessário para se poder aprender, mas, de certa maneira, muitas famílias confiam nos miúdos o manuseamento de aparelhos domésticos, e a isto, Pappert chama estilos de aprendizagem.
Cada vez existem muitos mais computadores em casa do que na escola. Num sentido quantitativo, os alunos usam-no para realizar certas actividades e trabalhos. Num sentido qualitativo, a utilização dos computadores tornou-se muito mais importante, pois é uma fonte de pressão para a reforma educativa, segundo o autor. No caso das crianças com necessidades educativas especiais, poderão enfrentar maiores dificuldades de aprendizagem. Dificuldade essa que poderá ser ultrapassada por elas próprias (de um modo natural para elas), mas também Pappert diz: "considero que a contribuição real dos meios de comunicação digitais para a educação é a flexibilidade que pode permitir a cada indivíduo encontrar trajectos pessoais para aprender."